Solidão
A inspiração aparece do nada!
Há um momento... E depois desaparece. A solidão permanece. O que está cá, fica cá. Apenas acrescenta mais vazio. E assim ficamos. Sós. No meio da multidão de pessoas, de afazeres, de deveres. E nada mais acontece. Recolhes-te no mundo infeliz e triste que acompanha o teu coração. Aí ficas. Sais? Dificilmente.
O sorriso e a gargalhada pública nada têm de teu... Têm muito dos outros que a gostam de ouvir. Dizes as coisas certas e, para eles, és feliz e cheia de vida.
Apagas-te de um mapa de gente. Ficas à deriva.
Com palavras singelas. Choras muito sem razão aparente.
Tens um alfinete gigante que se espeta no teu peito... É a tristeza a instalar-se... Como uma vacina.
Entretanto, já encheste ribeiras com lágrimas. Mas tu ficas seca. E nem uma mais consegues libertar. Ficas ali. O aperto no peito. O alfinete.
E a solidão é tão maior que o mundo.
Qualquer respiração fora do ritmo te exalta e te leva ao desespero. E por mais que fales, sentes que ninguém te houve, ninguém te entende. O mundo está contra ti. Tu estás sozinha. Assim o sentes.
Procuras ajuda... Que bom! Sentes algum alívio. Mas os momentos não desaparecem por magia. Há palavras que ficam, marcam e trazem memórias. Mas vais à luta. Com ajuda.
Mas vais!
O mundo tem 8 mil biliões de pessoas... E estamos todos tão sozinhos, enrolados na nossa mente. Resultado de uma sociedade exigente, com retaliações constantes, com momentos de stress elevado, com pessoas do "tudo bem? - sim", "É pá, temos de marcar qualquer coisa!", "Um dia destes..."
O tempo passa.
O alfinete aperta.
Ficas ali.
Que não te retirem do poço sem fundo que sentes.
O tempo.
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