Para lá do limão

O dia da criança passou. Mas há tanto de criança dentro de cada um de nós! Todos os dias! Ou porque brincamos. Ou porque dizemos ou fazemos um pequeno disparate. Ou porque rimos sem motivo. Ou porque pegamos na mangueira e molhamos os que estão connosco. Ou porque corremos descalços entre os pingos da chuva. Ou porque sorrimos a uma nuvem com forma de boneco. Há tantas boas razões para sermos crianças. Não sei se o fui muito quando deveria ter sido. Talvez por isso tenha dificuldade em encontrar a criança dentro de mim. Mesmo quando as crianças cá de casa apelam a que ela surja. Talvez na idade de ser criança o tenha sido pouco por me ter sido incutido um espírito de pouco brincar e ajudar os adultos. Talvez por isso tenha dificuldade em brincar... até julgo não saber brincar... mas estou em aprendizagem. Quem disse que nascemos ensinados? Há toda uma vida para aprender, e se há coisa que os filhos nos dão é a capacidade de sermos livres nos momentos em que os agarramos, o

Desde menina que ouço falar deste dia. Não foi o dia feliz que se desenhou no sonho. O olhar de noiva triste e noivo perdido é notório. Passaram 40 anos e eles estão juntos. Unidos na vida, pela vida! O trabalho que não os deixa descansar. A vontade de dizer sempre sim. Estão lá, sempre, para todos quantos batam àquela porta. O orgulho que tenho neste dois seres é enorme! Não caberá nunca nas palavras que possa escrever ao longo da vida. 1 de junho de 1980. O meu avô, pai da noiva, doente pulmonar, veio do hospital para casar a sua menina. Entre os três rapazes, a menina! Ela foi ao cabeleireiro. O vizinho chegou. "Vem, o teu pai faleceu!" E foi a noiva, com o vizinho, do cabeleireiro para casa, vestir o vestido branco tão sonhado. Por entre as lágrimas e desespero de tantos outros, o irmão mais velho segurou-lhe a mão a caminho do altar. Também este, que tanto a acompanhou, já partiu. O casamento fez-se. Os convidados, entre lágrimas e sorrisos frouxos,