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Mostrando postagens de junho, 2017

De lado

Quando sentes que a vida te impõe a contrariedade do sonho. Ao passar pelas ruas, vazias de humanidade, sentes no frio arrepio de dor, a solidão. Carregas no botão que desliga o sensor da tua individualidade. Vais! Segues o caminho em passo lento. Equacionas cada passo. Repensas cada pensamento. A tristeza que te leva no olhar a vida roubada, traz-te amargura ao coração. Defendeste o teu princípio. Pagas o dobro por seres quem és. Tentas, a cada momento de ansiedade, respirar, fundo, bem fundo. Se estás, porque parece que te querem tirar daí? A busca, a necessidade de não querer acreditar. Passam os dias. As horas. Os minutos. O que aí vem, ninguém sabe. Levas apenas a tua crença e certeza em ti. Só tu te mostras como és. Não o sabes de outra forma. És! Incomodas, certamente. Apoias, sem reservas. Aconchegas, à tua maneira estranha de amar. Queres, muito, estar ali, seres tu. Ninguém te vê. Passam de lado, porque assim, não será pecado.

Saudade

Sente-se no ar que se respira. Um caminhar lento, numa quelha envelhecida de alma. O despertar de um consumo encortiçado em modernidades pintalgadas de cores várias. Um turista que se apaixona na primeira e repete nas seguintes. Um café que se enche de uma babel ilustrada por gestos ariscos de quem tem uma pressa constante em agradar. A confusão arrastada num movimento sonoro que expulsa os audazes. Imagens que se registam em zoom automático. A pressa de ver e guardar no cartão sd. Captam tudo o que os gigas deixarem. E na memória da massa cinzenta? O que fica? Procuram desenfreados as lembranças em cada porta de loja aberta. Porque vieram? Em busca dela? Ela aparece a cada esquina. Ela retrata-se em cada um dos que passam em passo lento. Num traje negro de guitarras afinadas. Na pandeireta tremendo nos dedos que repenicam o trinhar característico. Estou certa dela. Não porque a vivi aqui, mas porque nas emoções me retrato. A mística existe. Andemos por onde andemos, ningu