Fita de cetim
Ali estavam. Frente a frente. Retiraram os óculos escuros. Olharam-se nos olhos. Profundamente. Levemente, a fita dourada de cetim que guardava o peito, desceu. Desnuda, do vestido e dos conceitos, levantou o pescoço delineado a ouros fios e sorriu. O olhar dele aproximou-se de uma auréola e sem medo, sem receio, sem dúvidas, amou o beijo que lhe deu e agarrou-a contra si. Rapidamente, o que parecia ser algo digno de um filme em câmara lenta, ganhou força, sons carnais, humidades sobrehumanas e pináculos criativos de prazer. Como cubo de gelo ao sol de Verão alentejano, os corpos suavam no requebrar de cada gemido. Fizeram muito mais do que amor. Fizeram vida. Fizeram-se vivos. Encendiaram os corpos. Queimaram os medos. Foram capazes de sentir que estavam ali. Apenas e só ali. Naquele canto do mundo que era só deles. Naquele pedaço de céu quente. O cheiro fecundo que exalava pelo ar não fazia acalmar nenhum dos dois. Uma e outra vez. E outra. E outra vez. Sem tempo. Sem relógio. Sem na