Fita de cetim
Ali estavam. Frente a frente.
Retiraram os óculos escuros.
Olharam-se nos olhos. Profundamente.
Levemente, a fita dourada de cetim que guardava o peito, desceu. Desnuda, do vestido e dos conceitos, levantou o pescoço delineado a ouros fios e sorriu.
O olhar dele aproximou-se de uma auréola e sem medo, sem receio, sem dúvidas, amou o beijo que lhe deu e agarrou-a contra si. Rapidamente, o que parecia ser algo digno de um filme em câmara lenta, ganhou força, sons carnais, humidades sobrehumanas e pináculos criativos de prazer.
Como cubo de gelo ao sol de Verão alentejano, os corpos suavam no requebrar de cada gemido.
Fizeram muito mais do que amor. Fizeram vida. Fizeram-se vivos.
Encendiaram os corpos. Queimaram os medos.
Foram capazes de sentir que estavam ali. Apenas e só ali. Naquele canto do mundo que era só deles. Naquele pedaço de céu quente.
O cheiro fecundo que exalava pelo ar não fazia acalmar nenhum dos dois.
Uma e outra vez. E outra. E outra vez. Sem tempo. Sem relógio. Sem nada mais existir.
Só.
Ficou sem saber como fazer para continuar viva. Ele morrera nos seus braços no momento da despedida. O abraço de um até já que não voltou.
Outros braços o esperavam. Outro corpo o receberia.
Seria igual?
Viúva de homem vivo que nunca casou.
Ela segue o caminho. Não o dela. Não o dele.
O caminho, apenas.
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