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Mostrando postagens de julho, 2017

Normalidade?

O mar que te serve de alento, retira-me o fôlego. Levo nas marés vazias da minha alma a ausência dos sentimentos mais profundos. Cada vez que a janela se abre para o campo da noite, as estrelas que se elevam neste céu negro, brilham a cada momento mais, mais e mais. É indiferente a divergência de opinião se o que queres é estar. É indiferente a ausência física, se o que queres é gostar de sentir. Não queres seguir como ET levado em bicicletas mágicas. Queres seguir o caminho, caminhando com os teus pés, tendo a realidade como lição de vida. Queres seguir como pastor que sobe a serra e vê, ao longe, o campo de erva fresca. Aprendes a retirar das derrotas as tuas vitórias. Mas, quando perdes o brilho no teu olhar e quando o sorriso não te sai da alma, percebes. Estás só. Perdeste. Ficaste aqui. Limparam-te as entranhas. Mas estás só. Vazia no ventre e na alma.

Ensina-me

Ensina-me a roubar-te ao meu pensamento. Dizem que o tempo tudo cura. O tempo tudo traz e tudo leva. O tempo é sábio. Dizem que se desdiz com perspicácia cada palavra de provérbio popular. Alteram-se em mim os sentimentos. Recorri às entranhas do peito para te entender. Separei as dores do ventre da pausada mente. Refugiei em mim os perigos de não te ter. Guardar-te-ei lá, no profundo e obscuro momento em que te tive e te perdi mutuamente. Estiveste cá. Não te senti. Mas vivi-te como tu não conseguiste. Sem forma, mas parte de mim. Fosse o tempo comando de nintendo e o jogo ficaria em pausa.

Salgadamente

"Retiro do meio dos peitos erectos o suor das noites. Deslizo os lábios rubros entreabertos por entre as coxas robustas do campo. Encontro, em cada arrepio, o desejo concretizado. E dali, onde os corpos suados derretem a respiração ofegante, retiro o sabor a sal que o mundo lhes dá de tempero." É nos devaneios da alma que a mente se escorre. Não espero.  Recuso a sensação de desprezo.  Dói. Agarro, com todas as forças o que tenho em bom. Lamento quem não me tem.  Lamento quem não me sabe.  Lamento quem não me reconhece.  Lamento quem de mim se riu.  Lamento quem de mim me soube perder. Valorizo quem me agarra.  Valorizo quem me quer.  Valorizo quem me recebe com um abraço.  Valorizo quem me sorri puramente.  Valorizo quem me sabe.  Valorizo quem me quer. O mundo, que gira num feixe de luz, sabe o que se segue. Nada surge ao acaso. Por mais estrelas que tenhas nas mãos, por mais sorte que te escorra pela pele, não deixes.  Não deixes qu

Papel

Há-os vários. Na vida, sendo ela como é, cada resposta que recebemos só traz o que conseguimos. Carregamos. Se fosse fácil, seria para outro. Cada pontapé que se dá numa pedra. Cada cenário que desce no nosso mundo. Cada boca de cena que piso. Hoje, levo à cena, num teatro para a vida, onde o papel que me cabe é o mais difícil de sempre. Não pelas deixas, não pelo texto, não pela contracena. Tem carga emotiva. Respiro fundo. Sei o que tenho a fazer. A perder? Nada. Já te perdi. No momento que te encontrei. Perdi. Na hora mágica que te descobri. Perdi. Mas ganhei! A coragem é natural. Faz-se em mim o trocar dos risos. Assaltam-me as esperanças e as crenças. Acredito no mundo que crio. Vou ser. Vou estar. Vou conseguir. Se há papel que me veste, é o de acreditar que nada é por acaso. Só não gosto que me abandonem.

Pedra sobre pedra

O aperto que a saudade deixa. A ânsia do regresso. O fim de todas as vontades. O respeito pelo verso da vida. Levar cada momento guardado na caixa mágica. Desejar que o destino saiba o que faz. Nesta mistura de sentimentos, crio um fio de memórias. Agarro cada pedra, guardo-as e sei, sim, sei que a construção deste castelo é dolorosa. Sei que a argamassa é forte, mas os dedos que a trabalham são frágeis, mas ágeis. Redobro a coluna vertebral desta história.