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Mostrando postagens de maio, 2019

Silêncio

Não se ouve o fado nesta sala. Apenas se vive o fado do silêncio. Aquele que nos acompanha, em cada pergunta sem resposta, em cada mão que se estica e não recebe cumprimento. A noite descia na rua calma  e sombria. A janela da sala refletia os cristais de uma noite estrelada e uma lua brilhante. Lá fora, no silêncio da planície, não se escutava o bater daquele coração. Qual caçador de sonhos, surge o fantasma de outros velhos e antigos tempos. Leva na sua passagem de silêncios, o rufar de tambores estomacal, o gotejar de pingas de amor próprio e os sorrisos carnais vincados em cada ruga. Lá vai o tempo, em que caçar os sonhos era uma constante. Lá vai o tempo, em que esperar na esperança, era reconfortante. Lá vai o tempo, em que ouvir uma voz ao longe, do fundo do túnel do sonho, era milagre. O tempo, ganhador em seus silêncios longos, não apaga. Acrescenta cada dia, cada hora, cada segundo. Não há esperas. Nada se quer. Tudo se transformou. As certezas estão presentes. O