Passadiço
Hoje, vou escrever! Vou preencher cada espaço da minha alma com letras. Soube deles num outro dia de agosto. Passeavam, de mãos entrelaçadas, no passadiço da praia. Não falavam. Olhavam-se e caminhavam. Baixavam o rosto para acompanhar os passos e sorriam. Não são novos. Não são velhos. São do tempo do amor que os une. Sim. Aprenderam a ser do tempo que tinham. Aprenderam a ser dos anos que o tempo lhes trouxe e que neles sedimentou. Sara não esquece. Foi assim que aconteceu há tantos tempos atrás. O encontro que havia sido desmarcado tantas vezes por ele. As promessas que havia feito de que da próxima seria ele a ligar ou a aparecer. Desta vez, mesmo com o histórico triste de nunca haver cumprido, Sara acreditou. Manuel iria aparecer. Sim! Passaram anos. Manuel apareceu e pediu desculpa. Em silêncio. Sim. Era dono dos seus silêncios. Não seria essa a regra de ouro do romance? Ela imaginou tudo o que aquele silêncio não lhe dizia. Corou. Chegou ao pescoço de Manuel e ch