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Mostrando postagens de abril, 2017

Um degrau lento

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A surpresa acontece. A cada passo, cada movimento de corpo. A lágrima que brota de um chão infértil, cai. Desaparece num rosto triste. Afoga-se num soluço de bar. Subir a escada, velha do tempo, nova de construção. O passo certo de quem desalinha com o tempo. O degrau doloroso de um fim que se aproxima. Há sensações a divagar no ar. Atmosferas loucas rodopiam no pensamento. Nuvens negras aproximam-se, trazem carregado em si o desespero de quem procura um raio de luz no meio de uma tempestade. Há tempestades que se juntam. Há delas que viram furacões. É assim, num furacão que me sinto. Estou no meio de um furacão que me arrasta. Desloca-me a mente para um lado. O corpo para outro. A alma para outro. Tentava subir a escada de madeira retorcida, sem apoio. Levou a mão ao cabelo curto que se lhe apresentava, e desceu. É tão difícil escolher o desafio.

Caminhando nas curvas

Os esses e esses da vida levam-nos a energia. Trocamos as dores. Sentimos a passagem. Perdemos. O caminho de curvas rompe em cada reta. A coragem do olhar, perdeu-se. Dizemos muito com os olhos. Fazem-nos ter medo. Transparentes momentos em que os olhos seguem apenas outros olhos. Outra alma. Não consigo esquecer. Não consigo parar de pensar. Uma alma que se fecha. Corrói. Para tudo tem que haver uma explicação. Entendo. Sim, compreendo. Aceito. Mas dói! Não me peçam para desligar o botão. É atroz o pensamento de quem me pode pedir tal façanha. A inteligência que me ocupa a irreverência não me permite fazer isso. O on da minha vida foge em cada raio de luz que evapora. São muitas as vezes em que paro e me pergunto os porquês de tudo. Levo para dentro da minha mente o coração triste e envelhecido pelo tempo. O comboio de corda perde a força à medida que avança na linha. Enfraquece. Apesar de fraco, segue, caminhando, no seu lento retumbar de frágil esperança. Uma mão

Naufrágio de um comboio

Consegues reunir no teu coração cada momento. Afastas as desilusões. Alimentas os sorrisos. Sabes, tem a consciência de que é apenas isto. Não há promessas. Não há futuro. Vives cada momento e sabes que ficas assim. Entregas aqueles momentos ao destino e segues a estrada desenhada por ti, no mapa da tua vida precoce. Não desiludes. Não procuras. Não perguntas. Guardas. Não cobras. Revelas a cada passo um estranho amargo sentir. Procuras nos bolsos uma moeda. Sou cara ou coroa da minha própria vida? Seguir o caminho. Seguir. É apenas isto. Chegar lá sem querer sentir que se chegou. Cada abraço forte é um pouco de cimento que te cola à fantasia. Desliga o botão do teu comboio de corda. Aprende, em tudo há palavras proibidas. O medo é uma constante. Ser-se dono do nosso silêncio em vez de prisioneiro das nossas palavras, é uma opção muito válida. Mas, e os outros? Não dizer. Calar. Viver. Acabar. Continuar. Esquecer. Será melhor começar já a esquecer? Nunca será fáci

Chegar

Chegas. Procuras pelos olhos quentes de criança que encerra em si a capacidade de amar eternamente. Quando desligas o motor, salta de um ápice ao teu ouvido. Quer dizer-te o quanto tem sentido a tua falta. Quer dizer-te o quanto te quer. Da sua voz meiga, ressalta uma frase eterna. Ficas comovida. Vertes uma lágrima que ele te ampara. "Mamã, eu amo-te muito!"